Assistência técnica, financiamento para beneficiar o produto, regulação de preço, além de ações articuladas entre as secretarias estaduais voltadas para o segmento leiteiro. Essas são algumas das reivindicações dos produtores de leite da Bahia que, pela primeira vez, se reuniram num seminário para discutir políticas públicas voltadas a cadeia produtiva leite. O seminário “Caminhos do Leite na Bahia – Desafios e Oportunidades”, aconteceu, nesta quarta-feira (12), no Hotel Fiesta Convention Center, em Salvador.
Estavam presentes, pequenos e médios produtores de leite do estado, representantes de sindicatos, da indústria de laticínios e de órgãos estadual e federal de regulação. O presidente da Federação Baiana de Agricultura e Pecuária, João Martins, afirmou que o evento é resultado de um plano elaborado para setor a partir de discussões com as estâncias estadual e federal de governo.
Francisco Menezes, pequeno produtor do município de Araci (região do semi-árido) relatou que sua maior dificuldade hoje é a falta de tecnologia para incrementar sua produção. A seca torna-se uma das agravantes nesse processo.
Alguns entraves que inviabilizam a produção e até a comercialização do leite na Bahia são baixo nível cultural da maioria dos produtores, pequeno volume da produção, falta de pastagem para o gado, escassez de subprodutos da agroindústria para alimentar os animais, resistência de alguns produtores em adotar tecnologias preconizadas pela assistência técnica.
Apesar dos gargalos que emperram a cadeia produtiva nas regiões mais áridas do estado, há pequenos produtores que chegam a produzir 250 litros de leite por mês, gerando renda familiar de R$1 mil mensais.
Para o superintendente de Agricultura Familiar, Ailton Florence, a cadeia produtiva do leite não é uma questão estanque, de interesse, apenas de um pequeno grupo.
Ela se relaciona com a geração de trabalho e renda nas pequenas e grandes comunidades. “É possível fazer com que o estado da Bahia amplie sua cadeia produtiva, gere riqueza e produza inclusão social”, enfatiza.
Florence informou ainda que o crédito Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) permite o financiamento, por meio do Banco do Brasil, do Nordeste e Desenbahia, da cadeia produtiva do leite, com carência de dois anos e até oito para pagar.
Segundo ele, que o Governo do Estado também está implantando resfriadores e unidades de beneficiamento do leite em vários municípios da Bahia. Além disso, a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) vem intensificando o trabalho de profilaxia do rebanho, para prevenir contra a febre aftosa.
Produção baiana
A Bahia possui o 4º maior rebanho bovino do país. Estima-se que existam, no estado, 155 mil produtores de leite. Apesar disso, aparece na 25ª posição no ranking nacional de produção, apenas 900 milhões de litros por ano.
Enquanto que o estado de Goiás, com 55 mil produtores, produz 2,6 bilhões de litros anuais. Por conta desse déficit, a Bahia tem que importar aproximadamente 800 litros todo ano para suprir a demanda regional.