Fortalecer as identidades indígenas, promover intercâmbio entre as diferentes etnias, resgatar as línguas dos índios, buscar a sustentabilidade através do artesanato, fazer um mapeamento cultural e criar uma marca do trabalho ecológico e cultural desenvolvido pelas tribos na Bahia. Essas foram algumas das propostas apresentadas pelos próprios índios no I Seminário Política Cultural para os Povos Indígenas, que reuniu lideranças e representantes de 18 tribos do Estado ontem (16) e hoje, em Salvador.

“Estamos escutando os índios e buscando a parceria para, juntos, atuarmos no fortalecimento da identidade cultural dos povos indígenas e de suas aldeias”, disse o secretário de Cultura, Marcio Meirelles, ressaltando a força cultural de mais de 500 anos de resistência, com a qual todos têm muito a aprender.   

“Esse é um novo momento político, estamos recontando nossa história e é importante estarmos organizados para dialogar com o novo governo”, disse Nádia Acauã, representante da tribo Tupinambá de Olivença que reúne aproximadamente 6 mil índios. Ela foi indicada pelos representantes das outras tribos para o Conselho Estadual de Cultura. “Espero representar bem os povos indígenas”, disse. A população indígena na Bahia é de aproximadamente 48 mil índios aldeados.

“Precisamos mostrar que nossa cultura está viva”, afirmou Alapity Paulo Titia, da tribo Pataxó Hã Hã Hãe, lembrando que uma das dificuldades é a distância entre as cinco etnias que integram a tribo, formada por 3.280 índios espalhados entre as localidades de Pau Brasil, Itaju e Jacaraci. Ele lembra que é importante recuperar o território perdido, explicando que a tribo é dona de mais de 54 mil hectares de terra, mas ocupa apenas 16 mil.

A história da tribo Pataxó Hã Hã Hãe está retratada no livro Índios na Visão dos Índios, produzido pelos próprios índios, com apoio da organização não-governamental Thydewas. A publicação, elaborada a partir de oficinas, será lançada dia 19, às 17 horas, na Bienal do Livro da Bahia.

Além de ouvir as principais demandas das tribos indígenas para a formulação de políticas culturais, os resultados do Seminário também vão servir de subsídios para a articulação de políticas governamentais com programas acadêmicos realizados por universidades públicas, a exemplo do Programa Universidade Indígena e Quilombola, da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

O I Seminário Política Cultural para os Povos Indígenas foi promovido pela Secretaria de Cultura da Bahia, em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal da Bahia, a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e a Secretaria de Promoção da Igualdade.