A exposição fotográfica “Retratos da Matinha”, do documentarista Marcelo Rabelo e organizada pelo Museu Casa do Sertão da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), foi selecionada pelo Programa de Cultura do Banco do Nordeste do Brasil e vai receber R$ 9.802 para montagem de painéis. As fotos serão expostas em agosto de 2007, durante as comemorações do Mês do Folclore, no circuito Santo Amaro da Purificação (Galeria Caetano Veloso do Solar do Biju) e Feira de Santana (Casa do Sertão e Centro Social da Matinha, na zona rural, distrito Maria Quitéria).

“Retratos da Matinha” foi idealizada em 2004 durante a filmagem de outra produção de Marcos Rabelo, o curta-metragem “Cantos da Matinha”, que registrou atividades de trabalhadores rurais da Matinha dos Pretos. Dentre elas, o canto produzido por dezenas, muitas vezes centenas de pessoas no trabalho coletivo conhecido como “bata do feijão”, resgatado pela memória de um velho sambador. O documentário esteve em diversas mostras e festivais audiovisuais nacionais.

A exposição traz a série de fotografias feitas em 2004, acrescidas de outras tomadas, numa nova incursão do autor na comunidade para atualização de contexto. Na mostra, o visitante conhecerá aspectos da religiosidade, festividade, tradição e expressão cultural da Matinha dos Pretos expostos em seis banners temáticos. O ápice da mostra está prevista para o Centro Social da Matinha, em 20 de novembro, com ato solene para marcar a constituição do acervo memorial em comemoração ao Dia da Consciência Negra.

Matinha dos Pretos é um pequeno povoado de Feira de Santana, situado a 14 quilômetros da sede, formado por pequenas propriedades rurais, nas quais os agricultores cultivam feijão, mandioca e milho para o auto-sustento. Atribui-se o nome “matinha dos pretos” às raízes históricas do povoado, que teria se formado a partir de quilombos habitados por escravos que fugiam da antiga Fazenda Candeal.

Muitas tradições profanas e sagradas mantêm-se vivas na comunidade local, como o samba-de-roda, o samba de caboclo, a bata do feijão e as rezas. Em 1989, sob a liderança do agricultor Marcos Gonçalves da Silva (o conhecido artista Coleirinho da Bahia, morto em 2005), surgiu o grupo musical “Quixabeira da Matinha dos Pretos” composto de lavradores que entoavam as cantigas de trabalho e das festividades coletivas, registradas no long-play “Da Quixabeira pro Berço do Rio”.

O Programa de Cultura do Banco do Nordeste disponibilizou, nesta terceira edição, R$ 2,5 milhões. Foram contemplados 142 projetos culturais das áreas de Literatura, Música, Audiovisual, Artes Visuais e Artes Cênicas elaborados por artistas de todo o país.